Ilustração de Frank Frazetta
Quem disse que eles são os melhores?
Você sonhou a vida inteira com alguém como ele. Aquele estranho, moreno, de olhos profundos e jeito de quem não tá nem aí com nada à sua volta te encantava. Ele exalava masculinidade e tinha um jeito meio cafajeste. E daí? As mulheres gostam disso! James Dean era adorado por todas... Até hoje os vilões são mais bonitos e charmosos do que os mocinhos em todos os filmes de Hollywood.
Quem disse isso? Desde quando falta de caráter virou atributo necessário para atrair mulheres?
Isso, certamente, foi um conceito machista que, de tanto se repetir ao longo dos tempos, acabou virando jargão obrigatório e até mesmo nós, mulheres, falamos como se fosse a coisa mais natural do mundo. Existe uma enorme diferença entre sentir um certo arrepio quando ele roça a barba por fazer no seu pescoço e ficar excitada em ver um homem tratar uma mulher como se fosse mero objeto de satisfação sexual. O buraco é mais embaixo, rapazes!
Qualquer mulher que deixe de lado o machismo (forma como foi educada desde que nasceu) e o feminismo equivocado que abraçou em algum momento de sua vida (como forma de fuga para justificar a falta de auto-estima com a qual não sabe lidar), para ser apenas feminina, forte (com suavidade, sem a necessidade de disputar braço-de-ferro com ninguém), sensível, apaixonada por si mesma e pela vida que deseja para si, repleta do primeiro amor que devemos sentir desde que nascemos (o amor-próprio), certamente saberá que não precisamos de “James Deans” com jeito de cafajestes para sentirmos atração e sim de um homem que saiba valorizar e respeitar os atributos de uma mulher, tratando-a como companheira de todas as horas e não como empregada de forno e fogão, babá e objeto de prazer, sabendo também o momento em que ela precisa ser delicadamente protegida, tratada com carinhos especiais porque toda mulher adora o cavalheiro que abre a porta do carro e puxa-lhe a cadeira à mesa do jantar, mesmo que ela jamais admita.
Essa mesma mulher saberá que um homem não é suficiente para fazer dela uma mulher feliz se antes disso ela não tiver plena capacidade de sanar sua necessidade de estar completa consigo mesma e que seu verdadeiro amor apenas torna tudo mais perfeito do que já está porque vibram numa sintonia que, apesar de não ser estritamente idênticas, certamente se ajustam numa sinfonia de notas harmoniosas. E que gostar de carinhos com a barba por fazer não faz mal algum, desde que ele faça a barba na manhã seguinte e volte a ser o homem bom e charmoso de sempre, com aquela voz que aquece o coração mais gélido e te faz derreter quando sussurra que te ama no seu ouvido.
Amar é uma via de mão dupla e não pode ser confundida com nossas fantasias acerca do homem perfeito. Pra começar, ele não existe, porque nós também não somos perfeitas e exigir isso de alguém é, no mínimo, hilário. Só não se esqueça de que enquanto você mesma não se der o devido valor e livrar-se de conceitos preconceituosos e machistas sobre feminilidade e relação homem/mulher, jamais viverá a plenitude de amar e ser amada, sem ver no sexo oposto um inimigo que precisa ser derrubado e subjugado a qualquer preço mas que usa e abusa da sua fragilidade justamente quando tudo o que você mais precisa é de proteção e afeto.
Não deixe de ser mulher e viva próxima das luzes celestiais. Chore, ria, grite e tenha a feminilidade à flor da pele, sem confundi-la com apelação sexual e exposição desnecessária do seu corpo e das suas emoções. Permita que ele demonstre o quanto quer protegê-la e amá-la a ponto de deixar de fazer a barba só para roçá-la no seu pescoço mas que nem sempre é preciso rachar a conta do restaurante só porque vivemos em dias de igualdade. Homens e mulheres não são iguais, ou seria muito ruim acordar com alguém tão parecido com você em todos os sentidos todas as manhãs.
E valorize-se mais: esqueça essa conversa de que você precisa de um canalha para viver perigosamente e ter mais emoções na sua vida. Eles passam... Você realmente quer alguém que fique ao seu lado e esteja pronto pra brincar de mocinho e bandido de vez em quando.
Akasha De Lioncourt – 12/05/2010
Akasha De Lioncourt
Enviado por Akasha De Lioncourt em 12/05/2010
Alterado em 01/06/2010