Bistrô da Poesia
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                                 Imagem de Gustave Doré - Inferno

                         

             O inferno nosso de cada dia.
 
 
                   Há quem acredite veementemente na existência do inferno. Eu acredito que cada um possua seu inferno particular, aquele com o qual precisamos conviver e cuja influência nos faz vítimas dia após dia, sem procurarmos realmente nos livrarmos dele. Acho que é inato ao ser humano reclamar de tudo. Eu sou assim. E digo que ainda sou porque mesmo me policiando constantemente, me flagro reclamando de coisas ínfimas que poderiam passar despercebidas se não fosse a minha necessidade humana de estar sempre insatisfeita com alguma coisa. Isso é poderoso, passa de geração para geração e só pode ser combatido quando detectamos essa tendência em nós mesmos e passamos a cuidar mais dos nossos pensamentos.
 
                   A frase célebre, religiosa e muito conhecida “orai e vigiai” traduz muito disso. Precisamos sim, crer em alguma coisa ou em Alguém que esteja muito acima de nós. Pode ser Deus, Buda, Alá, ou simplesmente o Cosmos. A verdade é que precisamos ter Alguém para colocar a culpa pelos resultados de nossas próprias escolhas e, com isso, mantermos viva a chama do inferno que nos corrói como se estivéssemos em um caldeirão ardente. Nosso principal inimigo é o nosso pensamento. Somos o que pensamos, esse fato é tão poderoso que não temos a mínima noção do que somos capazes de fazer através das nossas próprias mentes. Esse é o maior inferno que poderíamos vivenciar.
 
                   Quanto ao diabo, ele pode “expressar-se” através dos nossos atos, das nossas omissões (talvez mais ainda quando deixamos de fazer o correto e simplesmente ficamos à deriva, observando o resultado da nossa inércia), das nossas palavras ditas diariamente e da forma como conduzimos nosso pensar. É, se cuidarmos mais de nós mesmos, vigiando nosso péssimo costume de culpar a vida, a Essência Divina, a Natureza, as outras pessoas e nos preocuparmos em assumirmos nossas opções como nossas e também a responsabilidade por cada uma delas, deixemos de viver o inferno nosso de cada dia para enxergarmos com mais nitidez todo o bem que recebemos desde a hora em que acordamos até o momento em que cerramos os olhos para findar nossos dias.
 
                   Podemos até acreditar que existam o bem e o mal em nossas essências... Eu não sei se acredito mais nisso. Acredito que tudo se limita às nossas ações, nossos princípios, nossa conduta diária, nossa (in)vigilância interior, e se nos permitimos agir com maldade também foi por nossa opção. Culpar o invisível por termos agido de maneira torpe, doentia, maldosa, é um ato covarde de quem não quer assumir sua individualidade e principalmente sua identidade por inteiro. Nada acontece sem que o permitamos, direta ou indiretamente.
 
                    Quantas vezes nos deparamos pessoas criadas da mesma maneira, sob os mesmos princípios, agindo de maneiras completamente opostas? São escolhas personalíssimas, e cada um de nós é responsável por isso. Os motivos são muitos, maldade pode ser uma delas, mas não prova necessariamente que exista apenas o mal essencialmente naquela pessoa. Somos frutos de nossas opções, e por isso, criamos o nosso inferno diário com o qual nos obrigamos a conviver. Esse é o único inferno com o qual devemos realmente nos preocupar: Fruto indiscutível das nossas essências.
 
                    Já aquele outro, vermelho, cheio de fogo, tridentes, homens chifrudos malvados e vítimas que choram, gemem e emitem gritos horrendos, esse fica por conta da imaginação de cada um.
 
 
 
 
                                                26/08/2009
Akasha De Lioncourt
Enviado por Akasha De Lioncourt em 31/08/2009
Alterado em 31/01/2013
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