Feitiço do Tempo
Não fora o tempo nosso grande inimigo,
Ao contrário, tenho-o como meu aliado,
Sempre que algo para mim dá errado,
Confio a ele o poder de redimir-me o pecado.
Tempo amigo, tempo conselheiro,
Ao contrário do que dizem não é traiçoeiro,
Ele é quem nos acalenta, e com esmero.
Nos momentos de dor ou mesmo desespero.
Tempo que cura a dor da saudade,
Que nos traz de volta a sanidade,
Tempo que ensina, tempo presente,
Que nos subtrai à dor do ausente.
Há tempo de semear, há tempo de colher,
Sempre o veremos assim: a dar e receber.
Não fuja do tempo, não corra do invisível,
Porque ele não pára e é imperecível.
Feitiço do tempo, que nos torna imortais,
Por gestos, palavras e atitudes geniais.
Basta uma ação realizada com eficiência,
E teremos reconhecida toda uma existência.
As pedras irão transformar-se em poeira,
A efemeridade é inerente e rotineira,
O tempo nos transforma, nos lapida,
E sempre causará mudanças em nossa vida.
É o tempo quem promove o irreal,
De maneira tão modesta e natural.
Não é ele quem se encarrega da mudança,
Mas é o responsável pelo semear da esperança.
Tempo-Rei, aqui você é uma criança,
Não discuto e nem peço aliança.
Dono dos acontecimentos, senhor do momento,
Nada acontece sem o seu consentimento.
Feitiço do tempo, fez de mim uma esperança,
Mais que perfeito, sem retorno ou cobrança.
Inacabada a tua obra, segue orquestrada,
Nela, não há rumo perfeito, apenas a estrada
(21/02/2008)