Liderança na gestão pública
Por Clairton Quintela
O mundo vem passando por inúmeras transformações. Essa parece ser umas das frases mais comuns nas conversas, palestras e nos círculos acadêmicos. Mudanças nós sempre tivemos, mas o que é diferente agora é justamente a velocidade com que as inovações acontecem. O cenário é amplo, mas é possível verificar alguns contornos, como a formação de mega mercados, avanço tecnológico, valorização do conhecimento como elemento impulsionador do desenvolvimento pessoal e organizacional, relativização dos estados nacionais, reencantamento do mundo trazendo de volta crenças e simbologias vividas na idade média. Um ponto importante a ser considerado é que esse conjunto de mudanças está impactando praticamente todas as áreas da sociedade e as pessoas e as organizações são chamadas para uma tarefa de redesenho, de atualização para um novo tempo, para novos paradigmas. A maioria das atividades profissionais estão sendo repensadas e como conseqüência os cursos universitários também recebem uma demanda que pede maior dinamismo caracterizado pela capacidade de resposta rápida ao contexto de mundo em constante transformação.
A globalização provocou uma demanda de busca da qualidade, que hoje não se restringe ao setor privado. Uma das discussões mais atuais nos circuitos acadêmicos é justamente a questão da nova gestão pública. Hoje já não existe espaço para o exercício da governança desprovido de um referencial de busca da qualidade. O setor público tem que cumprir a tarefa de desenvolver de forma excelente o seu papel encontrando o seu próprio modelo de qualidade, com características próprias, não necessariamente copiando o modelo da iniciativa privada. É possível ter uma gestão governamental moderna, dinâmica, empreendedora, tecnologicamente avançada, transparente, competente. Em diferentes partes do mundo casos confirmam que a mudança não é uma utopia.
É neste sentido que se explica a formação de um novo perfil de gestor público. A tendência hoje é a formação de gerentes de cidade. A política é fundamental, mas os projetos só acontecem quando por trás dos projetos políticos está uma equipe de executivos competentes, habilitados, com capacidade de ver estrategicamente os desafios, com habilidade para assessorar os governantes eleitos pelo povo. Hoje já está ultrapassado o paradigma de que o prefeito eleito tem que ser o administrador da cidade. Na realidade cabe a ele a liderança do projeto e a capacidade de formar uma equipe de executivos competentes, sensíveis aos aspectos políticos que envolvem o gerenciamento da coisa pública.
O caminho então é a formação de profissionais atualizados, dinâmicos, empreendedores, com facilidade de comunicação, habilidades de liderança, sensibilidade social, capacidade de articulação, objetividade em perceber pontos básicos das questões propostas, enfim, um profissional aberto ao novo, disposto a estar sempre aprendendo. Para atingir esse objetivo que é a formação de um profissional com esse conjunto de características, precisamos buscar um maior dinamismo no currículo do cursos universitários, diversificação de atividades proporcionando o contato dos alunos com o mercado, com a realidade das instituições públicas, situações de enriquecimento da aprendizagem, através de palestras e visitas técnicas de alto nível. Mas ao mesmo tempo precisamos continuar enriquecendo a estrutura de ensino e aprendizagem do setor público, através de universidades corporativas públicas voltadas para a formação de quadros especializados que contribuam para a mudança de paradigmas e consigam dar o salto quântico para esse novo momento. É importante perceber que precisamos criar o novo já, pois do contrário o novo cria-se por si só. Em outras palavras, se não damos os passos que devem ser dados, as demandas naturais impostas pelo mundo globalizado, acabarão por atropelar o nosso esforço e a energia empreendida que refletem nossa boa vontade, mas que se apresentam absolutamente fora de foco. Pensem sobre esses pontos!
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SOBRE O AUTOR:
Graduado em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Bahia. Especialização em Planejamento e Prática do Ensino pela Faculdade de Educação da Bahia. Especialização em Comunicação Social pela Universidade São Francisco/ SP. Especialização em Administração pelo Centro Universitário São Camilo / SP. Mestrado em Artes pela Universidade Federal da Bahia – UFBA/BA. Mestrado em Gestão Universitária pelo Centro Universitário São Camilo / SP. Diploma de Estudos Avançados em Administração (DEA) pela Universidad Complutense de Madrid. Cursando Doutorado em Administração pela Universidad Complutense de Madrid. Professor da Faculdade Helio Rocha na disciplina Metodologia da Pesquisa, Orientação Monográfica, Evolução das idéias políticas, sociais e antropológicas.
Site: www.clairton.com.br
A EMPRESA É O QUE PENSA SER
Sempre acreditei que nada existe por acaso. Não existe o inútil, pois tudo tem o seu porque de existir. A natureza, as coisas, os animais, as pessoas, bem como as organizações têm os seus propósitos.
Nessa linha de raciocínio, alguns problemas surgem quando a empresa não tem consciência plena de sua missão, traduzida pelos consultores organizacionais como razão de ser.
No final da década de 1980, quando se destacava a importância de se escrever a missão, o negócio, valores e visão de futuro, geralmente o empresário da pequena e média empresa considerava isso como frescura de consultor e conseqüentemente perda de tempo. Hoje a consciência evoluiu muito e é muito comum os executivos se aprofundarem nessas questões visando uma compreensão maior.
A maioria das empresas foi montada com objetivo único de gerar lucro. Indiscutivelmente nada substitui o lucro e a saúde financeira deve ser preservada com unhas e dentes. O que alguns empresários não sabem é que o lucro não é causa e sim efeito de muitas variáveis, dentre elas ter o pleno conhecimento de estar fazendo o correto, no momento certo, com as pessoas corretas, na quantidade certa, com razão e coração, no local correto e da melhor maneira possível. Para que isso ocorra, se torna imprescindível clarear qual é a missão, o negócio, os valores e a visão de futuro. O negócio é o meio que você utiliza para atingir a visão de futuro. Por sua vez, a visão de futuro é onde você pretende estar com a empresa em data futura estabelecida, que pode ser traduzida como objetivos e metas. Os valores são conceitos de certo e errado, bom e mau, adequado e inadequado, etc.., que ajudam a direcionar o comportamento da organização. Em outras palavras, são os limites.
Se a organização não tem claro isso, ela não consegue avançar. Não consegue pôr a sua alma no trabalho. Em outras palavras, para a empresa estar no caminho correto, tem que ter uma grande causa. Se não tem, não está no melhor caminho. Tenho encontrado muitas empresas que tomaram o cuidado de escrever esses ingredientes existenciais, mas infelizmente na elaboração desses faltaram sentimentos profundos e conseqüentemente não conseguem praticá-los. Esses escritos são só para inglês ver.
O mundo dos negócios, sempre impiedoso, de forma quase imperceptível exige que a organização tenha bem nítido qual é o seu foco no mercado, que significa dizer cada empresa deve estar no seu devido lugar, naquele momento histórico. A empresa é o que ela pensa ser. Se ela não sabe o que é, é uma entidade perdida, que desperdiça vocação e energia, e que constantemente apresenta crises existenciais. Devido a isso encontra dificuldade de discernir, analisar e sentir o ambiente mercadológico tal como ele é, pois lhe falta a visão sistêmica da existência empresarial. Poder declarar de forma consistente, segura e positiva os seus propósitos e valores é preservar a dignidade, o autoconhecimento, o auto-respeito e a autoconfiança da empresa.
Davison de Lucas - diretor da M.Davison & Associados
Consultor Organizacional e Palestrante
www.mdavison.com.br - (14) 3234.6684
skype: m.davison.consultoria
Carlos Drummond de Andrade
-Procure ser um homem de valor, em vez de procurar ser um homem de sucesso. (Einstein)
-A moralidade é o melhor de todos os expedientes criados para orientar a humanidade. (Nietzsche)
-Não o digo que todos devemos proceder mal, mas devemos dar a entender que podemos. (Orson Welles)
-A confissão das más ações é o primeiro passo para a prática de boas ações. (Sto. Agostinho)
-É preciso que toda pessoa se conduza como se estivesse sendo observada por dez olhos e apontada por dez mãos. (Confúcio)
-Se você tiver sempre o cuidado de lembrar que em qualquer lugar que sua alma ou seu corpo fizerem qualquer coisa a dignidade estará presente como fiscal da sua conduta, você venerará em todas as suas palavras e ações a presença de um fiscal de quem nada pode ser escondido, e, ao mesmo tempo, terá a divindade como companheira inseparável. (Demophilus)