Todos os seres humanos têm condições de romper com o medo que, em geral, é impregnado em nossas crenças desde os primeiros momentos da infância.
Será que Deus joga dadinhos para fazer o homem? Será que Ele escolhe um dia para fazer campeões e outro dia para fazer fracassados? Será que Ele fica num majestoso trono confabulando: “Hoje Eu farei uma pessoa que só andará de Audi, conhecerá os lugares mais bonitos do mundo, comerá nos melhores restaurantes, estudará nos melhores colégios, mas amanhã farei somente pobres, pessoas que nunca sairão dos subúrbios, só andarão de ônibus e quando muito estudarão só um pouquinho em escolas públicas.”
Acredito que Deus faça todas as pessoas da mesma maneira. Com algumas diferenças estéticas, mas com o mesmo estilo de funcionamento, Ele se preocupa com o hardware e deixa a responsabilidade do software para o próprio homem. Todos nós nascemos da mesma maneira, sem dente, barrigudo, sem cabelo, sem cultura, não sabemos ler nem escrever, mas o fato é que nascemos como uma tela totalmente branca e tudo o que for colocado ali, tanto coisas boas quanto ruins, marcarão nossas vidas.
Cabe aos pais a responsabilidade de programar seus filhos para os desafios que virão fora do útero. Mas, estão os pais preparados para programar os filhos para tantos desafios que temos no século XXI? Creio que a resposta seja um doloroso não. Os pais fazem com os filhos o que os pais deles fizeram com eles. Sem pensar se estão certos ou errados fazem exatamente como antes, cantam as mesmas músicas que aprenderam, músicas estas que têm o poder de intimidar qualquer ser pensante. Vamos refletir sobre algumas delas. Nana neném que a cuca vem pegar, papai foi pra roça e mamãe foi trabalhar. Bicho papão sai de cima do telhado… Dá para acreditar nisso? Isso na verdade não é para a criança dormir, isso é uma ameaça! É mais ou menos assim: neném, ou você dorme ou a cuca te pega. Tem um bicho papão em cima do telhado e ele quer comer você! E, pior, a criança está sozinha, porque a mãe foi trabalhar e o pai foi pra roça. Acho que quem vai pra roça desse jeito é a criança.
Essa é a cultura do medo, quando a criança não acredita mais no bicho papão e nem na cuca, surge o famigerado homem do saco. Não podíamos sequer ir até a esquina, pois lá estava o homem do saco. Algumas pessoas têm trauma de saco até hoje. E, quando conseguem superar o homem do saco, surge uma figura inquestionável, a prova de qualquer dúvida, queixa ou comentário: Papai do céu. O tal papai do céu vê tudo em todos os momentos e, pior, ele castiga. Começa aí um relacionamento da criança com Deus, mas não com base no respeito e sim do medo. Essa criança vai crescer, temendo seus pais, seus professores, seus chefes, seu cônjuge e, quando tiver filhos, vai ensiná-los a temer a vida.
Mas, se você se encaixa nesse perfil eu tenho uma boa notícia. É possível mudar esse “destino”, quebrar esse ciclo, tornar-se uma pessoa pró-ativa e educar seus filhos para que eles sejam verdadeiros vencedores, pessoas que acreditam em seu potencial, respeitam seus sentimentos (inclusive o medo), mas não vão deixar de ir à luta só porque tem bicho papão em cima do telhado. Você tem esse poder, mas, quem tem o poder de mudar, tem também a responsabilidade de mudar.
Wagner Dias é autor dos livros Quem você pensa que é e Nada na vida é por acaso e palestrante. Tem formação em Economia e pedagogia. É especialista em Inteligência Emocional, Aprendizagem Acelerada e relacionamento interpessoal. Realizou consultoria na área de relacionamentos para o Banco Santander. Ministrou treinamentos em diversas empresas altamente conceituadas e rigorosas ao selecionar palestrantes, entre elas, Bradesco, Banespa, Santander, Carrefour, LG, Assoc. Paulista dos Supermercadistas, Omni Brasil, Tahitian Noni, Purific, Amil, Siemens, entre outras.