Sexta-feira, 17 de outubro de 2008 3:12:00 - Jornal Boim Dia (Bauru) |
Confronto marca greve da Polícia Civil em São Paulo Manifestantes são contidos por tropa de choque da PM; 24 saem feridos |
Reynaldo Turollo Jr. |
Policiais civis em greve há um mês em todo Estado entraram em confronto direto com a Polícia Militar na tarde de ontem, em São Paulo. A tensão com a tropa de choque piorou às 16h, quando manifestantes tentaram ultrapassar uma barreira humana formada por PMs, no Morumbi, a caminho do Palácio dos Bandeirantes – sede do governo paulista.
Dois ônibus com policiais civis de Bauru estiveram na passeata, que partiu da frente do estádio do Morumbi. O comando de greve estima que cerca de 2,5 mil policiais participaram do ato. Vinte e quatro pessoas teriam se ferido. Por telefone, o delegado Edson Cardia disse ao BOM DIA, direto do local, que a tropa de choque da PM utilizou bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha contra a Polícia Civil. Edson descreveu que três policiais civis que estavam do seu lado se feriram e que um deles teria perdido um dedo em uma explosão. Policiais civis desistiram de avançar e não conseguiram chegar ao Palácio do Governo, mas permaneceram no local até 20h20, segundo Edson. “A culpa não é da PM”, diz. “É do governo do Estado.” “Nossa pretensão era que o governo recebesse uma comissão nossa para negociar”, diz. Ele acredita que a PM já estava de sobreaviso por terem sido mobilizadas a Tropa de Choque e a Cavalaria. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) não se manifestou. Plantão e delegacia fecham as portas As portas do Plantão Policial de Bauru foram fechadas às 16h30 de ontem, enquanto os policiais locais acompanhavam pela TV o confronto. Segundo Edson Cardia, as delegacias de todas as cidades que estão em greve foram fechadas ontem. “A iniciativa partiu do Interior de forma simultânea e foi referendada aqui [em São Paulo]”, afirmou. “Frente à postura do governador, parece que nosso movimento vai se radicalizar.” Em entrevista à TV Globo, José Serra (PSDB) disse que os grevistas são minoria e que o uso de armas pelos policiais civis foi “absurdo”. Governador e secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, dizem não negociar com os grevistas – que pedem aumento salarial. Em Bauru, segundo Edson, “vai amanhecer [hoje] com a delegacia fechada. Não se atende mais ninguém e nem a PM.” Desde o dia 9 de setembro, as únicas ocorrências que são registradas em Bauru são flagrantes, remoção de cadáveres e captura de procurados – casos considerados emergenciais. A tensão entre Polícia Civil e PM já era latente desde que a última passou a registrar boletins. |