17/10/2008 - Jornal da Cidade (Bauru) |
Grevistas de Bauru presentes em ato na Capital alertam para o risco de tragédia |
Lígia Ligabue |
Um ato que seria pacífico por pouco não virou tragédia. É dessa forma que os policiais civis de Bauru, em greve há mais de um mês, avaliaram o confronto com a Polícia Militar (PM) na tarde de ontem, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, na Capital. Ao todo, 90 pessoas de Bauru e região foram a São Paulo – sendo 63 policiais. Amigos e familiares também foram à Capital apoiar a manifestação. Ninguém de Bauru se feriu. De acordo com o delegado regional do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo (Sindpesp), Edson Cardia, a intenção dos manifestantes era seguir em passeata até o Palácio dos Bandeirantes e enviar ao Governo uma comissão composta por três dirigentes do movimento e quatro deputados que estão intermediando a tentativa de diálogo com o Estado. “Ficamos uns 200 metros abaixo do cordão do isolamento da PM. E esse grupo que intermediava a negociação com a equipe do governo subiu para tentar falar com eles e foram barrados. Aí começou o confronto”, descreve. “A inabilidade do comandante naquele momento, inclusive se acercando com os parlamentares e líderes, foi o que provocou a revolta dos policiais”, avalia. Ele conta que os próprios manifestantes tentaram fazer um cordão de isolamento, mas ele foi rompido. “Aí começaram as bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, tiros de bala de borracha. A nossa maior preocupação era que, apesar de não estarmos com armas, havia alguns policiais armados. E ali estava um confronto entre duas forças treinadas, o Garra e o GOE (da Polícia Civil) e a Tropa de Choque da PM. Quem estava ali teve que manter a racionalidade e o equilíbrio, senão teríamos corpos no chão”, relata. Para ele, a sensação era de perplexidade. “Partimos para um ato pacífico, na ânsia de que o Governo abrisse uma comunicação. E quando nos demos conta, nos vimos cercados pela Tropa de Choque e Cavalaria. E a gente não acreditava por conta da fraternidade que existe entre as polícias”, diz. O delegado regional do Sindicato dos Investigadores do Estado de São Paulo (Sipesp), Márcio Cunha, também participou da manifestação. “De repente virou uma praça de guerra. A PM abriu a barreira e a Tropa de Choque começou a meter bala”, relata. Tanto Cunha quanto Cardia destacam que o conflito entre as duas polícias foi conseqüência da postura do governo diante da greve. “Uma coisa é certa. O governador não tem condições de gerir essa crise”, destaca Cardia. “Ele colocou em choque as duas forças de segurança do Estado”, lamenta Cunha. |