Grizar Júnior/Futura Press
Manifestante ferido é carregado durante confronto entre polícias Civil e Militar nesta quinta-feira, em São Paulo. Policiais civis exigem reajustes salariais e acusam governador José Serra de não querer diálogo
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Diego Salmen
Para José Martins Leal, presidente do Sindicato de Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, o governador José Serra mente ao dizer que a greve da Polícia Civil está sendo politizada.
Em entrevista a Terra Magazine, o sindicalista nega que o confronto entre policiais civis e militares ocorrido na quinta-feira, 16, tenha desgastado a relação entre as duas corporações. Leal acusa o governo estadual de não se dispor a negociar com a categoria.
- Não existe nenhuma negociação. O governo não quer conversar. Ele preferiu aquele embate. Ele está pagando para ver, e ele vai se dar muito mal. A cada dia que passa, os ânimos, ao invés de arrefecerem, ficam mais acirrados. Estamos ainda mais entusiasmados para protestar.
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Diz ainda um dos líderes do movimento grevista em São Paulo:
- Ele deveria explicar por que a nossa data-base, que é o dia 1° de março, não foi cumprida até agora, por que ele ficou até julho sem querer nos receber todas as vezes que batíamos na porta do Palácio do Governo. Ele devia explicar isso antes de falar uma mentira tão deslavada.
Confira a seguir a entrevista com José Martins Leal:
Terra Magazine - O confronto de ontem dificulta a relação com a Polícia Militar?
José Martins Leal - De jeito nenhum. Nós não temos nada contra a Polícia Militar. Ela estava cumprindo o papel dela, e quem deu a ordem (de confrontar com os manifestantes) foi o governador. Se o governador nos recebesse ao longo desse ano, ou se não nos deixasse ontem esperando duas horas e meia debaixo de chuva, dizendo que ia formar uma comissão para nos receber... Nós estávamos ali pacientemente, segurando 2500 pessoas. É uma coisa difícil, cada um tem uma cabeça diferente. Mas chegou uma hora que alguns mais exaltados avançaram - avançaram em direção ao Palácio, não para o confronto.
O governador acusou a greve de ter sido instrumentalizada politicamente. Isso é verdade?
Não é verdade. Ele deveria explicar por que a nossa data-base, que é o dia 1° de março, não foi cumprida até agora, por que ele ficou até julho sem querer nos receber todas as vezes que batíamos na porta do Palácio do Governo. Ele devia explicar isso antes de falar uma mentira tão deslavada. Essa é uma mentira. Aliás, é próprio desse governo reiterar mentiras. Não só o governador, como também os secretários de Estado. Ele sabe que (a greve) não é politica, mas a ausência de explicações é tão grande que ele vai por esse caminho. O fato de um político dizer que é solidário à nossa causa no nosso microfone não significa que a greve está politizada.
Como está a negociação neste momento?
Não existe nenhuma negociação. O governo não quer conversar. Ele preferiu aquele embate. Ele está pagando para ver, e ele vai se dar muito mal. Eu tenho certeza disso. A cada dia que passa, os ânimos, ao invés de arrefecerem, ficam mais acirrados. Estamos ainda mais entusiasmados para protestar.
A greve e o confronto entre polícias não prejudicam a população?
Nós temos explicado à população que ela tem de ser solidária, até pelas desculpas dadas pelo governo. Na semana passada nossos colegas foram humilhados. Suspendeu-se uma parcela dos serviços por 48 horas, num sinal de boa vontade da categoria. Foram três reuniões; na terceira, entraram às 16h e saíram às 23h para não ter nenhuma proposta decente. É impressionante o descaso que eles têm conosco.
Há uma expectativa de término da greve?
Não. A expectativa de término é termos uma proposta decente. Queremos que ele chegue, em termos de reajuste, a no mínimo 80% do que nós estamos pedindo. Nesse ano o governador José Serra tem R$ 5,5 bilhões para investir no funcionalismo e não colocou um centavo.
Terra Magazine