13/08/2008 - Polícia- Jornal da Cidade (Bauru) |
Greve pára a Polícia Civil hoje |
Após o fracasso nas negociações com o Governo do Estado, policiais civis de São Paulo entram hoje em greve por tempo indeterminado. Reivindicam reajuste salarial e reestruturação da carreira. Em virtude da paralisação, as delegacias abrirão normalmente, mas serão registradas somente ocorrências de flagrantes e feita remoção de cadáveres. Os demais serviços, como investigação e encaminhamento de inquérito, estão suspensos. Em Bauru, a expectativa do comando de greve é de adesão maciça - são quase 200 policiais na cidade e cerca de 300 na região. Por força de lei, 30% deles têm de manter as atividades. De acordo com o Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp), para atender a escala mínima de trabalho, os policiais vão atuar em sistema de revezamento (de 12 horas). Logo pela manhã, às 7h, os policiais em greve estarão reunidos em frente ao plantão da Polícia Civil, na Praça Dom Pedro II. Em seguida, às 8h, participam de um ato aberto com o Hino Nacional. Depois, os grevistas vão se reunir na Associação dos Investigadores, situada no Jardim Bela Vista, onde será realizado o balanço do movimento na cidade, na região e no Estado. Ontem, o comando de greve, que reúne sindicatos de 14 instituições da Polícia Civil, fazia os últimos preparativos para a paralisação. Muitos policiais já trabalhavam com adesivos informativos sobre a iniciativa coletiva. Insuficiente Até o fechamento dessa edição, as propostas feitas pelo Governo do Estado não atendiam as reivindicações da categoria, segundo o Sipesp. O pagamento da Gratificação por Acúmulo de Titularidade (GAT), por exemplo, só beneficia os delegados, explica a entidade. Para o comando de greve, a intenção do governo de enviar proposta à Câmara Legislativa para extinção da quinta classe para todas as carreiras da Polícia Civil também não é suficiente. A medida elevaria o piso inicial do policial civil. Nos últimos dias, o comando de greve percorreu várias cidades da região em busca da mobilização dos policiais. Ao avaliar o comparecimento dos policiais a estas reuniões, a expectativa é de adesão geral na região. Em Botucatu, Lins e Jales, por exemplo, mais de 100 policiais compareceram para discutir a situação. Em Bauru, o movimento também demonstra força. Ontem, vários delegados reiteraram a disposição de integrar a greve, em reunião realizada na Delegacia Seccional. No entanto, o titular Doniseti José Pinezi decidiu aguardar a paralisação para manifestar-se sobre ela. “Dificuldades e divergências que forem surgindo, o comando de greve vai deliberar”, explica Márcio Cunha, delegado regional do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp). Neste caso, os interessados devem procurar a Associação dos Investigadores da Polícia, rua Comendador Leite, 2-38, no Jardim Bela Vista. Reivindicações Entre as reivindicações da Polícia Civil, estão o reajuste salarial de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), incorporação das gratificações aos vencimentos (inclusive para aposentados e pensionistas), reestruturação da corporação, valorização da carreira e melhores condições trabalho. De acordo com Sipesp, os policiais não recebem reajustes significativos nos salários há 13 anos e a defasagem chega a 200%. Ainda segundo a entidade, um delegado em início de carreira em São Paulo tem salário de R$ 3.500,00, enquanto que o mesmo cargo em Brasília, por exemplo, chegaria a R$ 10.800. “O Estado de São Paulo tem o maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e oferece uma das piores remunerações para a categoria em todo o País”, observa um policial civil que preferiu não se identificar. No entanto, o governo do Estado tem ressaltado que, em outubro do ano passado, o governador José Serra sancionou aumento salarial de até 23,43% para os 125 mil policiais civis, militares e técnico-científicos do Estado. Inédito A greve iniciada hoje pela Polícia Civil tem perfil inédito, segundo Márcio Cunha, delegado regional do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp). “Nestes moldes nunca houve. No ano passado tivemos paralisação de um dia. No passado também já houve paralisações sim, mas sem comando de greve, sem organização. É a primeira greve orquestrada na Polícia Civil, com data de início sem data de fim”, explica. Ele ainda ressalta que anteriormente haviam movimentos isolados, cujas conseqüências eram retaliações. |
Luciana La Fortezza/Colaborou Ieda Rodrigues |