Explicando a Guerra – e Pêssach – a uma criança de seis anos
Querido Caleb,
Quando você tinha seis meses, eu considerava você a criança mais fantástica do mundo, e às vezes desejava que você pudesse ter aquela idade para sempre. Resignei-me ao fato de que ao crescer, você inevitavelmente se tornaria um pouco menos atraente e um pouco mais complicado. Mas não foi isso o que ocorreu.
Embora você seja agora um garotão – seis anos – ainda é a criança mais fantástica que conheço. Sim, pode ser irritante às vezes: mamãe e eu estávamos prestes a arrancar seus cabelos, por exemplo, quando por sete semanas seguidas de aulas de natação no verão passado, você recusou-se sequer a entrar na água. Como toda criança, você ocasionalmente se comporta mal, ou responde desrespeitosamente, ou tem um ataque de má educação quando não consegue aquilo que quer. Mas de forma geral, é uma alegria conviver com você – alegre, inteligente, entusiasmado.
E engraçado, também. Você contou-me há alguns meses que planeja viver em nossa casa depois que se casar. "Onde você vai dormir?" perguntei. "No meu quarto" – respondeu você. "E onde sua mulher vai dormir?" Você respondeu prontamente: "Na parte de cima do beliche."
Atualmente, Caleb, eu muitas vezes me espanto ao ver como você parece "crescido". O bebê gordinho cedeu lugar a um jovem esbelto um tanto competitivo e um modo de pensar todo seu. Quando levei você e Mamãe ao aeroporto em fevereiro para sua viagem a Disneyworld com a vovó, observei você trotar até o terminal, mala na mão, e fiquei encantado por ver como você parecia um viajante experiente.
Porém, em outras maneiras, você ainda é tão inocente. Quando arrumou aquela mala para a viagem à Flórida, a primeira coisa que entrou nela foi seu bicho de pelúcia favorito.
Não tenho pressa em dispersar a sua inocência, mas sei que o mundo lá fora não ficará para sempre do lado de fora. Meu poder de abrigar você daquilo que há de pior está diminuindo aos poucos: sua percepção do mal e do sofrimento humano está aumentando lentamente. Desejo prepará-lo para a fealdade e injustiça que você provavelmente vai encontrar enquanto traça seu caminho pelo mundo – prepará-lo não somente para reconhecer que tais coisas existem como também para entender que tem o dever de combatê-las.
Meses atrás, conversamos sobre a guerra no Iraque. Expliquei que o governante daquele país é um homem extremamente cruel, que por muito tempo vem matando e ferindo muitas pessoas – incluindo até crianças de sua idade ou ainda menores – e que existe uma guerra para reprimir o terrorismo. A guerra pode ser terrível e assustadora, eu disse a você, mas seria ainda mais terrível se nada fizéssemos para refrear a crueldade e mal que existe no mundo.
"Imagine como você se sentiria" – sugeri – "se alguém o estivesse machucando muito – machucando tanto que você estava chorando – e todo o mundo só assistisse e nada fizesse para impedi-lo." Esta é uma maneira muito simples de explicar a guerra e o mal, Caleb, mas você ficaria surpreso ao ver quantos adultos não conseguem compreendê-la.
Felizmente, a idéia de que a perseguição de inocentes exige uma reação é algo com o qual você já está familiarizado.
Nesta época, no jardim de infância, você e seus colegas estão se preparando para Pêssach. Vocês estão aprendendo sobre o amargo cativeiro dos judeus e a crueldade dos egípcios, e sobre o grande líder chamado Moshê, que se recusava a olhar para o outro lado ao testemunhar atos de injustiça. Mais uma vez, você está escutando a história de Shifrá e Puá, as parteiras judias que corajosamente desafiaram a ordem do faraó para afogar todo recém-nascido judeu.
A lição que eu espero que você esteja gradualmente assimilando é que quando vítimas estão sofrendo, aqueles que podem ajudá-las têm a obrigação de fazê-lo. "Não fique alheio ao sangue de seu vizinho" – ordena a Torá em Vayicrá 19:16. Quando alguém está num terrível apuro, você deve ajudar se puder.
A verdade, Caleb, é que se não fosse a guerra, você não existiria. Na primavera de 1945, o pai de seu pai estava às portas da morte num campo de concentração nazista; ele sobreviveu e foi libertado graças às bombas e tiros dos Aliados, que conseguiram destruir Hitler antes que Hitler conseguisse destruir até o último judeu na Europa. Homens armados salvaram sua família da destruição. Nunca se esqueça disso.
Mais alguns dias, e estaremos nos sentando para o Sêder de Pêssach, e espero ansiosamente ouvir você explicar o significado dos rituais antigos. Comemos ervas amargas, você me dirá, para relembrar o amargo cativeiro de nossos antepassados. Mergulhamos um vegetal na água salgada para nos lembrar das lágrimas deles. Comemos matsá seca, ázima, porque foi o pão da aflição deles.
Hoje vivemos em liberdade e com conforto, mas há muitos neste mundo que conhecem apenas escravidão e lágrimas. Não feche seus olhos e ouvidos a eles, Caleb. Treine-se para se importar com aqueles que estão sendo feridos. E jamais se esqueça: O mal triunfa quando as pessoas de bem não fazem nada.
Todo meu amor,
Papai.
(por Jeff Jacoby – colunista do Boston Globe)
EMPRESA FELIZ
Davison de Lucas
Feche os olhos por um instante e se imagine caminhando pela empresa em que você trabalha, observando em detalhes seus companheiros. Eles estão empolgados com o que estão fazendo? Se a maioria não está, grande possibilidade de você estar em uma empresa infeliz. Segundo Charles Kingsley: “Agimos como se o conforto e o luxo fossem as necessidades primordiais da vida, quando só precisamos, para ser realmente felizes, de algo que nos empolgue.” Esta fala tem sentido, pois conheço muita gente realizada na área financeira que está infeliz Todos mestres que passaram pela Terra foram claros em afirmar que a felicidade está dentro de nós. Não está fora. Empolgação tem a ver com entusiasmo, palavra de origem grega, que significa “ter Deus dentro de si”. Isto me faz lembrar quando prestei concurso para ingressar no corpo de engenharia da Marinha de Guerra. Consegui com muito sacrifício passar em todos os exames teóricos e só restava o teste de educação física. Na época, fumava e não praticava exercícios físicos. Foi uma frase de um amigo que me motivou a parar de fumar e preparar fisicamente para a última prova. Disse ele: “Você nadou o alto mar e enfrentou tempestades, não tem sentido agora morrer na praia”. Graças a esse estímulo consegui me empolgar e tornar oficial daquela força armada. Lógico que cada um se motiva do seu jeito, mas tenho plena convicção que a receita para ser plenamente feliz consiste em desenvolver projetos de empolgação nos seis itens que equilibram ou desequilibram um Ser Humano: Eu, par (cônjuge), família, social, profissional e espiritual. A ausência de empolgação se transforma em gargalo no fluxo da vida. Eu sei que não é fácil gerar empolgação, pois depende de muitos fatores, dentre eles missão de vida, valores, evoluções moral e espiritual, compreensão, tolerância e principalmente adaptabilidade. Nunca acreditei em progresso sem esforço. Você tem de planejar e com disciplina lutar para fazer acontecer. Numa empresa sem empolgação, indiscutivelmente o grande culpado é a liderança. Cabe ao líder se dedicar menos ao operacional e mais as pessoas, recrutando corretamente, criando mecanismos motivadores, praticando a gestão participativa e gerando desafios empolgantes. Se não sabe como fazer isso, vai atrás de quem sabe. São tantas facilidades nos dias atuais. Nessa área existem muitos livros, treinamentos e consultorias que podem auxiliar o executivo gerar felicidade em sua organização. É sabido que em ambiente feliz se produz mais e com mais qualidade. O lucro é conseqüência. Ser feliz é preciso. Toda empresa precisa ser feliz.
Data da Publicação: 28/06/2007
Fonte: www.mdavison.com.br
Opiniões e Posições
Escrito por Heitor de Paola - psiquiatra e psicanalista
O texto abaixo é uma carta que mandei para um jovem debatedor de outro grupo de discussão que me parece um democrata autêntico e sincero, mas submetido ao encantamento gramscista da moda. Tudo começou quando ele escreveu: "Eu ainda prefiro a democracia petista do que os anos de chumbo da ditadura de 64".
Apenas perguntei: "Você vivenciou os chamados "anos de chumbo" para poder afirmar isto"? E ele me respondeu que não precisava, pois também nunca viveu em Cuba e pode dizer que aquilo não lhe serve.
Como eu já estava querendo escrever sobre isto, estou aproveitando para postar neste grupo, também, onde alguém de fora há uns tempos se referiu aos "comunistas arrependidos" com desdém, se referindo a mim.
Caro R
Sabe por que você nunca viveu em Cuba? Porque os militares, a pedido da população, abortaram a tentativa de fazer do Brasil uma Cuba, pelos mesmos que hoje, na "democracia petista", estão no poder e vão tentar de novo, pode ter certeza. A frase do Olavo de que "a democracia leva à ditadura" é o que talvez venhamos a experimentar em breve e são as verdadeiras intenções dos "democratas" Zé Dirceu, Genoíno e caterva. Pois eu vivi intensamente aqueles anos: em 64 eu já estava no segundo ano da Faculdade, era Vice-Presidente do Centro Acadêmico e, obviamente, como qualquer babaca daquela época, de esquerda, da AP (a mesma do Serra).
Estive foragido alguns dias, e fiquei dois meses preso. Perdi um ano de estudos. E me desencantei. Com as esquerdas, não com os militares. Em 68, inicio do ano, foi oficialmente lançada a "luta armada". Eu participei das reuniões com gente vinda de Cuba, não é mentira não, eles estavam aqui fornecendo dinheiro e armas tchecas para tornar o Brasil uma outra Cuba a serviço de Moscou, como a original. Não era nada de democratas em luta contra uma ditadura como hoje dizem: eram comunistas querendo instalar uma verdadeira ditadura totalitária! Eu estudei os textos, meu chapa, não ouvi falar nem li em livrecos idiotas escritos por ex-seqüestradores. Sabe o que nos era indicado para ler? Mao Tse Tung, Ho Chi Min, Nguyen Vo Giap, Lenin, Che, Fidel e, como não podia faltar um francês, Régis Debray, o tal da "Revolução na Revolução". Como descobri que eu era, autenticamente, um democrata - mas sem negar os riscos da democracia -, pulei fora e, acredite, meus "cumpanheiros democratas" me ameaçaram, a mim e à minha então namorada. Como eu sou um ávido leitor de livros policiais e de espionagem, inventei uma carta colocada no cofre de três advogados com todos os nomes e esquemas, para ser entregue no quartel mais próximo, caso algo ocorresse comigo ou com ela... e me livrei das ameaças!
Eu frisei que isto ocorreu no início de 68, porque hoje é dito que a luta armada foi desencadeada contra o endurecimento da ditadura com o AI 5, quando foi justo o oposto: o AI 5 foi conseqüência do desencadeamento da luta armada! Você me diz, com toda a sapiência de historiador: "Heitor, história é história". E eu te respondo: história é um troço escrito por gente e, como tal, cada um puxa a brasa para a sua sardinha. Os reais vencedores de 64 foram os que escreveram estas mentiras que você, como tantos outros democratas sinceros, engole com facilidade!
Pois no Governo Castelo Branco - que hoje reputo como o maior estadista brasileiro do Século XX (tenho engulhos quando ouço dizerem que este idiota pomposo do FHC é estadista!) - e também nos primeiros anos do Costa e Silva, o Brasil era uma efervescência cultural. No teatro surgiram grupos como o Opinião que atacava publicamente o regime. A peça "Liberdade, Liberdade" era um libelo contra a "ditadura". Surgiu "O Pasquim" que ironizava os "milicos" e o Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) com seu FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assola o País - como faz falta hoje em dia!) que não poupava ninguém. Juca Chaves, ácido crítico dos militares (sua modinha "Brasil já vai à guerra" devia irritá-los profundamente), cantava à vontade.
Aliás, ainda em 70 (Governo Médici), ele dizia o que bem entendia no Circo Irmãos Sdruws, no Parque da Catacumba, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio. Isto não é história escrita, eu fui a três shows.
Ocorreram os Festivais da Canção, com as músicas anti militaristas de Geraldo Vandré - hoje um puxa-saco dos "milicos" da FAB - e as do Chico Buarque, entre muitas outras...
O Caio Prado Jr, comunista de carteirinha, publicava em sua Editora o que bem queria, bem como a Ed. Civilização Brasileira. A velha editora do PCB, a Editorial Vitória Ltda, editava e distribuía livros de Marx, Engels e Lenin. Sua sede ficava na antiga Rua das Marrecas (hoje voltou a se chamar assim), à época Rua Juan Pablo Duarte, no Centro do Rio, num sobrado que tinha sido a sede do Partidão no Estado da Guanabara. Isto, meu caro, não é história, fui à minha estante agora mesmo buscar um livro editado em 64 e que eu comprei livremente, em livraria aberta, em 1970 (Médici): "A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", do Engels, de quem Marx era gigolô. Em 1971, comprei da Editora Saga, também de orientação comunista, "A História da Revolução Russa" de Leon Trotski, em 3 volumes de lombada vermelha, como sói!
Se você não me chamar de mentiroso, ou como fez com a A. e o P., levar no sarcasmo hostil, vê se abre a tua cachola para algo que não seja a "história oficial".
Houve sim uma guerra revolucionária em que ambos os lados mataram. Por que raios só os de um lado hoje recebem comendas, indenizações e aposentadorias milionárias, status de pobres vítimas; e os do outro são desmoralizados, suas corporações são sucateadas - como se mantê-las fosse só do interesse deles e não da Defesa Nacional, cáspite! - têm seus soldos achatados e suas aposentadorias ameaçadas de serem tungadas para sobrar dinheiro para o BNDES mandar para a Venezuela?
Adiantando-me a algumas idiotices que já ouvi: não, meu caro, não sou puxa-saco de milicos nem o Olavo de Carvalho é meu guru. Estou numa situação curiosa na qual a "tchurma" da esquerda me chama disto aí, e os nacionalistas de direita me chamam de entreguista porque não concordo com anti-americanismo obsessivo reinante. Incrível, não?
Para terminar, um pouco só de teoria histórica. Hanna Arendt - que já não é lida, sequer conhecida dos modernos "historiadores" - fez uma diferenciação entre regimes autoritários e totalitários, diferenciação esta que as esquerdas execram, pois põe a nu suas mentiras: "Os primeiros são regimes [como o de 64] em que alguns são perseguidos, mas não se impõem o pensamento único [tanto que a esquerda venceu no terreno "intelectual"]. Os outros são aqueles em que se impõe o pensamento único do qual não pode haver a mínima discordância [... senão, paredón!]. Nos primeiros, a imprensa é censurada [o que ocorreu aqui]; nos segundos, a imprensa é totalmente destruída só sobrando o órgão do Partido condutor das massas [seja o Pravda, o Granma, o Vöelkischer Beobachter ou o Popolo d'Italia]."
Leia algo mais dos que as cartilhas oficiais, que você só tem a se beneficiar.
Atenciosamente.
Heitor de Paola